quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Intemporal

Em 1952, o grande professor de Educação Física e treinador de basquetebol francês, Robert Mérand, escrevia esta frase que, quase 60 anos depois é ainda mais verdade do que era na altura. Também no mundo do basquetebol há coisas intemporais. Por isso esta frase tanto merece estar aqui, neste blog da história dos 120 anos... como no blog gémeo do Ensinar e aprender basquetebol.
"O verdadeiro treinador o que foge como da peste do esquema, da reprodução mecânica duma combinação, de tal ou tal aspecto da técnica ou da táctica, as quais se tornam errôneas se não são adaptadas a cada caso."
Robert Mérand, Servir le basket, n.º 4-5 (1952)
Robert Mérand (1920-2011)


2 comentários:

  1. Não estou totalmente de acordo com o senhor Robert Mérand neste aspecto, o que me parece assustador, ou então não entendi bem o que ele queria dizer.
    Concordo que o 'Como' sem o 'Porquê' nem o 'Quando' é um ensino árido e desprovido de sentido mas, na minha opinião, existe lugar para exercicios onde se repetem execuções mecânicas de um gesto ou combinação com a finalidade não apenas de a aperfeiçoar mas tb de a tornar 'natural', isto é, sem termos que a pensar ao nível consciente.

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  2. Zé Manel, compreendo a tua posição e vou tentar explicar melhor a posição de Mérand.
    Quando ele escreveu, a moda, em França, era reproduzir mecanicamente as "combinações" importadas dos livros americanos. Além disso, os jogadores eram tratados como meras peças de xadrez e os treinadores eram os únicos pensadores do jogo. O resultado disso foi um jogo mecanizado, falho de personalidade, em que as combinações se realizavam mecanicamente e sem estarem adaptadas às situações de jogo.
    Mérand e um grupo de treinadores desse período reagiu a essa situação: afirmou que a técnica e a táctica, são, em primeiro lugar, reacções ou acções inteligentes que resolvem problemas do jogo. Não são, como muitos as interpretavam, movimentos abstractos ou associações de passes ou acções entre companheiros, que se aprendem a seco e depois se aplicam no jogo. Conseguiram, com uma precocidade de decénios, afirmar a prioridade do porquê e do quando, sobre o como de que falas. E foram mesmo mais longe do que isso e isso será motivo para desenvolvimentos em outras mensagens, pois este assunto é extremamente importante e interessante.
    Quantas vezes vemos equipas, desde as da formação até mesmo às profissionais, fazerem combinações mecânicas, falhando as oportunidades que se vão revelando, por estarem presas à combinação? Poderias replicar: o problema está na não "naturalização" da própria mecanização. É uma resposta possível e com alguma lógica. Mérand não desprezava a exercitação, tinha mesmo uma proposta de formato de "exercício" em 5 fases que responderá melhor às tuas dúvidas. Mas não era uma exercitação mecânica e desenvolvia-se em fases. (Numa futura mensagem irei expô-la.
    Mas não haverá uma outra forma de ensinar, e desde logo na formação, que evite continuar a ver os jogadores a fazerem "as jogadas" que os treinadores lhes ensinaram? Eu acho que Mérand e o seu colectivo de treinadores apontaram um caminho diferente e por isso tinham argumentos para afirmarem este tipo de coisas como a citação que fiz.
    Vou enviar-te por email, um artigo de Mérand, datado de 1947, que é uma verdadeira delícia, e que talvez explique melhor que ninguém a posição de Mérand sobre estes assuntos.

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