quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A pré-história do basquetebol


Local onde se jogava o Tlatchli
Na procura das raizes históricas mais ancestrais deste jogo, alguns autores apontaram um jogo que se praticava na civilização asteca há cerca de três milénios, o jogo sagrado de marcado cunho religioso, chamado de Tlachtli.
Esse jogo consistia basicamente em introduzir uma bola de borracha maciça por um aro de pedra, colocado perpendicularmente em altura num muro e disposto de forma vertical. Era bastante difícil e rara a concretização do objectivo. Curiosamente a bola devia ser batida só com a coxa, o braço ou o cotovelo mas não pelas mãos ao contrário do Basquetebol actual. Era um jogo realmente duro e cruel jogado aos pares e aos trios e os jogadores, despidos quase totalmente, encontravam-se protegidos com joelheiras, cotoveleiras e coquilhas (Prats, 1991). Os praticantes do jogo eram nobres, membros da classe dominante (as outras classes eram remetidas ao papel de meros assistentes). No fim do jogo os perdedores eram sacrificados aos deuses e os vencedores levados em triunfo e considerados intermediários entre as divindades e os homens. Estes factos demonstram a origem e natureza religiosa e classista desse jogo. Enrique Prats, na obra que temos vindo a citar não deixa de evidenciar as semelhanças estruturais deste jogo milenar com o que é praticado actualmente. E vai mesmo mais longe ao evidenciar semelhanças e paralelos nos aspectos mais negativos mas por vezes menos evidentes destes dois jogos e da sua utilização social pelas classes dominantes. Refere, por exemplo, o facto de as classes não nobres não poderem participar no jogo mas apenas servirem de espectadores que se divertiam, aliás, com aspectos extremamente cruéis nos quais o jogo desembocava, como era o sacrifício dos perdedores. Este “culto da vitória”, a “humilhação ao vencido”, o “ópio para as massas” são aspectos usados em diversas civilizações. Prats dá como exemplos, para além dos astecas, os romanos com o seu “pão e circo” e afirma que, contemporaneamente, continuamos a padecer do mesmo tipo de derivas.
A citação é proveniente da minha tese de mestrado, em que utilizei como referência, para esta temática, Prats.

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