Se a promoção da modalidade no nosso país não tem andado bem, como vimos no post anterior, é verdade que existem algumas ilhotas de grande qualidade onde essa mesma promoção se tem verificado. Falo evidentemente só do que vou conhecendo, cometendo porventura o erro da omissão.
Desde há cerca de uma década, sob o comando de San Payo Araújo, o Minibásquete em Portugal tem tido alguns impulsos de inovação verdadeiramente interessantes. San Payo, embora militar de carreira, caracteriza-se por ser um insígne pedagogo com um trato inexcedível com as crianças. Possui também uma cultura basquetebolistica assinalável e um raro sentir do lúdico também numa dimensão cultural. Vê-lo a movimentar grupos de crianças que por vezes são da ordem da centena é um espectáculo de alegria e de arte. Sei também que ele gosta de ser caracterizado como um prático reflexivo, como em tempos o denominei num trabalho que fiz sobre o Minibásquete. E está sempre a evoluir no conhecimento e nas práticas, buscando e aproveitando o que de melhor se faz no mundo do Minibásquete. e transmitindo-o aos outros.
Na promoção do jogo do Minibásquete San Payo tem feito imensa actividade, que vai desde as palestras e acções de formação no país e no estrangeiro, aos Jamboree's e Memoriais, actividades que durante vários dias movimentam de forma diversificada crianças de todos os pontos do país. Quem participa nestes eventos, jogadores, treinadores, pais ou mesmo simples espectadores nunca mais os esquece.
Por esse país fora, a realidade do Mini parece-me muito diferenciada: vai desde os clubes e associações dinâmicas, que conhecem e praticam o espírito deste jogo de crianças até a clubes onde as práticas não são as mais próprias para uma evolução educativa dos jogadores dos 8 aos 12 anos. (Ultimamente o fenómeno do Mini, através do Babybásquete está a envolver crianças com menos de 8 anos). Mesmo nestes últimos casos menos de menor qualidade é preciso valorizar pelo menos a vontade e o trabalho voluntário daqueles que orientam as crianças.
Concluindo: perante uma direcção técnica altamente qualificada, técnica e humanamente, como é o caso de San Payo e de outros treinadores que com ele têm colaborado (um fenómeno importante de escola?), aquilo que penso dever ser assegurado é uma expansão de boas práticas, através da qualificação dos treinadores e o apoio material e técnico aos clubes e treinadores envolvidos neste sector.
Nos anos sessenta do século XX, houve no Porto uma estrutura organizativa do Mini, o Núcleo Associativo de Minibásquete, que eu só tive oportunidade de conhecer pela transmissão verbal e de alguns documentos fornecidos por um grande amigo já falecido, o senhor Célio Alves. Desses anos e do que lá se fez, muito de útil em termos em conhecimentos e em tipos de iniciativas poderíamos recolher para os tempos de hoje.
San Payo Araújo é também o herdeiro moral do professor Mário Lemos, seu tio por afinidade, que foi um dos introdutores do Mini em Portugal e um teorizador valioso deste jogo, cujos ensinamentos ainda hoje são válidos.
Homenageemos o passado, fazendo coisas bem feitas hoje para que o futuro do nosso basquetebol possa ser melhor. O Minibásquete pode ser uma das entradas para este salto qualitativo.
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